(Do livro Diálogo dos Vivos
Francisco Cândido Xavier
J. Herculano Pirres e
Espíritos diversos)
Ao se libertar dos instintos animais, pelo desenvolvimento da razão, o homem se desliga do domínio de Deus, que o conduzia segundo as suas necessidades, como conduz a todos os demais seres da criação. Libertando-se do poder que o dirigia, o homem se torna senhor de si mesmo. Deus lhe concede o livre arbítrio, para que ele possa aprender a ciência difícil do discernimento e desenvolver o senso de responsabilidade pessoal. É o que nos ensina a alegoria bíblica de Adão e Eva, ao comerem do fruto proibido da árvore da sabedoria. Dali por diante Adão e Eva sabiam distinguir entre o bem e o mal e deviam aprender a conduzir-se por si mesmo.
Os nossos filhos, quando atingem a idade legal de emancipação, libertam-se do nosso domínio e passam a dirigir-se a se mesmos. Nem por isso poderão dispensar os nosso conselhos, as nossas advertências e os nosso auxílio. Se os dispensarem, estarão sujeitos a erros muitas vezes fatais que desejamos naturalmente evitar para eles, mas nem sempre o conseguimos.
Deus nos concede tudo, mas nem sempre compreendemos o valor de suas concessões. Para continuar ajudando-nos, sem prejudicar o nosso desenvolvimento racional e espiritual, Deus colocou em nossos corações a lei de adoração de que trata O Livro dos Espíritos. Essa lei é o fundamento moral das religiões cuja finalidade é religar-nos a Deus. A prece é o meio de comunicação espontânea de que dispomos para nos dirigir ao Pai. Esse meio nos serve também para religar-nos àqueles que de nós se afastaram pelos caminhos do mundo ou pelas portas da morte.
A dinâmica da prece implica a pergunta e a resposta, o pedido e a concessão. Mesmo quando o pedido seja absurdo. Deus nos atende na medida do possível e da necessidade real. O importante é não nos desligarmos de Deus pela nossa vontade própria, como o filho orgulho e pretensioso que não quer mais saber dos conselhos e advertências do pai. Quando nos transviamos na vaidade e no orgulho, sempre acabamos incomodando os outros, pois na vida social a lei da interdependência impera soberana. Essa a razão por que André Luiz responde às nossas dúvidas sobre a prece com a rogativa a Deus para que não nos permita incomodar os outros.

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