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domingo, 19 de maio de 2013

O Novo Testamento - 2

(continuação)
           
Hadoldo assina contrato com a FEB para edição do seu livro
                 Naturalmente textos modernos reclamam estratégias distintas, conferindo ao tradutor maior flexibilidade no processo de adaptação do texto para torná-lo mais acessível ao entendimento do leitor. Nesse caso, é permitido o sacrifício do original para facilitar a compreensão.
                        Em nosso caso a questão é inteiramente diversa.
                 Nosso esforço se concentra na recuperação do sentido original. das palavras, expressões idiomáticas, referências e inferências do texto. Trata-se de uma espécie de "arqueologia linguística e cultural", que busca resgatar a multiplicidade de dados que conformaram o ambiente no qual nasceram os livros que compõem o Novo Testamento.
                     É indiscutível que esse livros podem ser lidos a partir da nossa experiência atual, levando-se em conta vinte séculos de tradição religiosa. Nessa perspectiva, a história da interpretação desses livros assume papel preponderante, descortinando as inúmeras abordagens e conteúdo que se sobrepuseram ao texto.
               Nossa proposta é percorrer caminho diverso. Imitando o arqueólogo, cuidadosamente e pacientemente, tentamos retirar as dezenas de camadas que se sobrepuseram ao texto grego do Novo Testamento, ao longo de vinte séculos de interpretação, para contemplá-lo o mais de perto possível.
                       A todo momento procurávamos responder a duas questões: Como esse texto seria lido por uma habitante da Galileia, da Judeia, das regiões banhada pelo Mediterrâneo, no primeiro século da nossa era? Quais referências e inferências o texto despertaria no ouvinte daquela época e região, considerando-se o ambiente linguístico, cultural, religioso, político e econômico da época?
                  Figuremos um exemplo singelo: o verbo grego "bapto" (mergulhar, imergir, lavar), pelos processo de derivação das palavras,é responsável pela formação do substantivo "baptismo" (mergulho, imersão, o ato de lavar). Ao se traduzir esse substantivo por batismo, é impossível que o leitor moderno não associe o vocábulo aos temas teológicos ligados ao sacramento do batismo.
                        Todavia, urge reconhecer que essas teologias não existiam ao tempo em que os livros do Novo Testamento foram redigidos, ou melhor, não existiam nem mesmo igrejas nos moldes das atuais. Não possuímos sequer registros seguros de que os judeus, sistemática e institucionalmente, utilizavam a imersão em água como ritual para conversão de prosélito.
                          Nesse caso, foi necessário escavar, aprofundar para recuperar, o frescor original do termo, possibilitando ao leitor moderno o aceso a essa prática do cristianismo nascente sem as camadas interpretativas que se formaram ao longo dos séculos.                                     (CONTINUA)
      

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