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quarta-feira, 9 de abril de 2014

A face de Jesus

Por Marco Tulio Michalick
Espiritismo&Ciência 

                             Há uma história muito interessante intitulada "As duas faces", do escritor e palestrante Richard Simonetti, publicada no livro O Clamor das Almas (CEAC). Ele conta:
                             Famoso artista assumiu o compromisso de pintar grande quadro a óleo para a catedral de uma cidade italiana. A tela teria por tema a vida de Jesus. Durante meses, o pintor dedicou ao gratificante trabalho. Ao final, faltavam duas personagens: Jesus-menino e Judas Iscariotes. Meticuloso, ele pôs-se a procurar os modelos ideais. Em bairro de periferia viu um menino de sete anos , cujo rosto o impressionou vivamente. Tinha expressão suave, fisionomia tranquila, olhos brilhantes e expressivos. Era bem o menino Jesus que concebia. Conversou com seus pais e conseguiu que o levassem ao ateliê. Dia após dia, o modelo infantil posou pacientemente, até que a figura de Jesus-menino foi retratada com toda a pureza e inocência pretendidas. O pintor suspirou, aliviado. Faltava apenas Judas. Jamais poderia imaginar que teria dificuldades.
                             O tempo passou, anos se sucederam, sem que o modelo ideal fosse encontrado. O artista viu homens que trazia estampada na face a vilania e a degradação. Mas nenhum deles possuía uma fisionomia que configurasse Judas como o imaginava: deprimente figura, um homem vencido pela ambição, atormentado pela vil traição. Os padres reclamavam, ele próprio se sentia envelhecer e temia não terminar a pintura, em face das exigências de sua própria arte. O quadro inacabada ficou num canto do ateliê, por duas décadas. Mas o pintor não desistira; Obcecado pela procura, examinava atentamente os homens com quem travava contato, mas nenhum se aproximava do modelo idealizado.
                             Certa feita, bebericava um copo de vinho, numa taverna, quando pobre homem, esfarrapado e magro, apareceu na porta. Dando um passo à frente, rolou pelo chão. Voz rouquenha, implorava: Vinho, vinho! Compadecido, ao tentar levantá-lo, viu-lhe o pinto o rosto bem de perto e estremeceu de emoção. Aquela fisionomia atormentada, viciosa, suja, desesperada, era o retrato fiel de Judas! Ansioso, ajudou o mendigo a erguer-se e propôs-lhe: Venha comigo! Eu o ajudarei!
                             O infeliz o acompanhou. Chegados ao ateliê, depois de ter satisfeito a fome e a sede do improvisado modelo, o pintor desvelou a tela, dispondo-se a iniciar o trabalho. Entretanto, quando o mendigo contemplou a tela, deixou-se possuir por grande agitação, desandando em choro convulso. O pintor ficou atônito. Meu filho, porque se aflige tanto? Em que posso ajudá-lo?
                             Ele não conseguia falar, dominado por insuperável tormento. Fale, meu filho! O que houve? Quero ajudá-lo! O infeliz controlou-se e a chorar perguntou:  Não se lembra de mim? Há muito anos estive aqui. Fui eu! Fui eu quem posou para o seu menino Jesus!".

                             Esta história é fascinante, pois nos mostra que nascemos com a face do menino Jesus e adquirimos , na idade adulta, a fisionomia agonizante de Judas. Deixamos nos levar pelo egoísmo, orgulho, vaidade e tantos outros vícios que destroem a humanidade, devido à nossa conduta moral.
                             A educação que os pais promovem na infância é primordial para a fase adulta. na infância, a criança está receptiva aos ensinamentos, e isso facilita o aprendizado, moldando a personalidade e o caráter do indívíduo.
                             Essa relação de pai e filho está contida na relação entre Jesus e nós. Afinal. Ele poderia ter enviado qualquer um de seus prepostos à Terra, mas fez questão de vir pessoalmente deixar os seus ensinamentos.
                             Jesus nos convida constantemente ao trabalho, mas relegamos seu convite ou protelamos o trabalho na seara do bem. Porém, quando nos encontramos em aflição, é nele que buscamos consolo. No livro Fonte Viva, psicografia de Chico Xavier, o Espírito Emmanuel nos deixa o seguinte alerta: "Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens. Ninguém acredite que o mundo se redima sem alguma redimidas".
                            Há uma passagem na Bíblia que diz que algums mães levavam seus filhos  para que Jesus os abençoassem, porém os discípulos intercederam dizendo que elas não iriam entedner o que Jesus dizia. As mães insistiram em chegar até o Mestre. Jesus, vendo aquela cena, disse: "Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino dos céus é para os que se assemelham a elas. Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará" (Marcos 10: 13 a 16).
                           Vejam que Jesus não disse de forma absoluta que o reino dos céus é para as crianças, mas para aqueles que se assemlham a elas. mas se assemelham em que sentido? Na inocência, na candura, na humildade, na simplicdade, na pureza de coração, excluindo qualquer sentimentos de orgulho e egoísmo.
                           Para atingir a perfeição, depende somente de nós. Se cada um conribuir de forma positiva, com certeza construiremos um mundo melhor para se viver. E, ajudando-nos mutuamente, superaremos as dores da alma, tendo consciência de que os obstáculos não são tão grandes como imaginamos.
                           Adquirindo a fisionomia de Jesus na infância, devemos mantê-la para sempre, deixando que a inocência, a candura, a humildade façam parte de nós.
                           Trabalhando estas virtudes, a fisionomia de Judas será coisa do passado.

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