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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Kardec e os conselhos de Erasto - 2

(continuação)

     Entretanto, por mais sublimes e indispensáveis sejam estas informações, não são as únicas pérolas encontradas neste capítulo. Existe ainda uma advertência de Erasto com relação às comunicações repletas de ideias heterodoxas, "espiriticamente falando" que possam vir dos Espíritos e que poderiam ser insinuadas em meio às coisas boas junto a fatos imaginados, asserções mentirosas, com tamanha habilidade que poderiam enganar as pessoas de boa fé. Ele ainda estimula a eliminação sem piedade de toda a palavra e toda frase equívoca, conservando-se na comunicação somente o que a lógica aprova ou o que a doutrina já ensinou; afirma que "onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui pelas suas ideias pessoais aquelas que os espíritos se esforçam por lhe sugerir. É quando ele tira da sua própria imaginação, as terorias fantásticas que ele mesmo julga, de boa fé (mais nem sempre), resultar de uma comunicação intuitiva. Erasto alerta também ser necessário aos dirigentes espíritas possuírem um tato apurado e uma rara sagacidade para pdoer discernir as comunicações verdadeiras e não ferir o amor próprio daqueles que se permitem iludir com joias falsas.
        É neste momento que ele nos oferece um de seus mais famosos e importantes conselhos:

        "Na dúvida, abstem-te, diz um dos vossos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa. Com efeito, sobre essa teoria poderíeis edificar todo um sistema que desmoronaria ao primerio sopro da verdade, como um monumento contruído sobre a areia movediça. Entretanto, se rejeitais hoje certas verdades, porque não estão para vós clara e logicamente demonstradas, logo um fato chocante ou uma demonstração irrefutável virá vos afirmar a sua autenticidade".

          Embora ela tenha se tornado uma regra de ouro (a frase destacada em negrito), conforme J. Herculano Pires afirmou, devendo ser constantemente observada nos trabalhos e estudos espíritas, isolada do seu contexto ela perde a sua riqueza, o seu caráter especial, ficando deslocada e nem sempre parecendo justa. Analisemos a sua estrutura.
           Primeiro reencontramos um sábio provérbio: "na dúvida, abstem-te". Pois quem nunca duvidou não pode afirmar que encontrou a verdade, que adquiriu a convicção. O codificador é um belo exemplo de como a dúvida, sem exageros, conduz à verdade. É valiosíssimo o depoimento de Kardec encongra em Obras Póstumas, onde ele afirma que um dos primeiros resultados das suas observações foi saber que os Espíritos nada mais são que as almas dos homens, possuindo conhecimentos limitados à sua condição evolutiva e que por isto as suas opiniões tinham o valor de uma opinião pessoal, nada mais. Foi esta verdade, compreendida desde o início que o protegeu de acreditar ingenuamente da infalibilidade dos Espíritos e de elaborar teorias prematuras com base nos ditados de uns ou de alguns. Quantas teorias não são construídas dentro desta perspectiva? Os vários corpos do perispírito, em gritante oposição ao conceito formulado pelo codificador, a magia, as informações e afirmações sobre Física Quântica relacionados com o Espiritismo são alguns exemplos de ´teorias´  edificadas em informações pessoais dos Espíritos como se fossem absolutamente verdadeiras. Elas não foram observadas, analisadas, criticadas, reavaliadas para serem aceitas como verdades verificadas. Aqui é onde entra a importância da abstenção. Pois se não possuo a firme  convicção oriunda da análise sistematica, racional e eminentemente lógica e da experiência, como posso supor que uma determinada informação é verdadeira? Não podemos agir por achismos dentro do movimento espírita. (CONTINUA)
      

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