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quinta-feira, 3 de julho de 2014

A estranha crise

Por Emmanuel
(Chico Xavier)

               O mundo vem criando soluções adequadas para a generalidade das crises que o tormentam.
               A carência do pão, em determinados distritos, é suprida, de imediato, pela superprodução de outras faixas de terra.
            Corrige-se a inflação, podando a despesa. O desemprego desaparece pela improvisação de trabalho. A epidemia é sustada pela vacina.
              Existe, porém, uma crise estranha - e das que mais afligem os povos - francamente inacessível à intervenção dos poderes públicos, tanto quanto aos recursos da ciência nas conquistas modernas. Referimo-nos à crise da intolerância que, desde o travo de amargura, que sugere o desânimo, à violência do ódio, que impele ao crime, vai minando as melhores reservas morais do Planeta, com a destruição consequente de muito dos mais belos empreendimentos humanos.
            Para a liquidação do problema que assume tremendo vulto em todas as coletividades terrestres, o remédio não se forma de quaisquer ingredientes políticos e financeiros, por ser encontrado tão somente na farmácia da alma, a exprimir-se no perdão puro e simples.
                O perdão é o único antibiótico mental suscetível de extinguir as infecções do ressentimento no organismo do mundo. Perdão entre dirigentes e dirigidos, sábios e ignorantes, instrutores e aprendizes, benevolência entre o pensamento que governa e o braço que trabalha, entre a chefia e a subalternidade.
             Consultem-se nos foros - autênticos hospitais de relações humanas - os processos por demandas, questões salariais, divórcios e desquites baseados na intransigência doméstica ou na incompatibilidade de sentimentos, reclamações, indenizações e reivindicações de toda ordem, e observe-se, para além dos tribunais de justiça, a animosidade entre pais e filhos, a luta de classes, as greves de múltiplas procedências, as queixas de parentela, os duelos de opinião entre a juventude e a madureza, as divergências raciais e os conflitos de guerra, e verificaremos que, ou nos desculpamos uns aos outros, na condição de espíritos frágeis e endividados que ainda somos quase todos, ou a nossa agressividade acabará expulsando a civilização dos cenários terrestres. 
                   Eis por que Jesus, há mais de vinte séculos, exortou-nos perdoarmos aos que nos ofendam setenta vezes sete, ou melhor, quatrocentas e noventa vezes.
                   Tão só  nessa operação aritmética do Senhor, resolveremos a crise da intolerância, sempre grave em todos os tempos. Repitamos, no entanto, que a preciosidade do perdão não se adquire nos armazéns, porque, na essência, o perdão é uma luz que irradia, começando de nós.
                                                                                                                      (Do livro Mãos Unidas)                                                                                                                                                                              

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