B L O G DOS E S P Í R I T O S

sábado, 2 de março de 2013

Evandro Noleto Bezerra


Tradutor de
O Livro dos Espíritos
recomenda estudos

Evandro Noleto Bezerra tem traduzido obras de Kardec, recém publicadas 
pela FEB. Para o entrevistado não se pode conhecer
a Doutrina Espírita sem fazer um estudo aprofundado
das obras do Codificador (Reformador)


ENTREVISTA

Reformador - Qual a sua motivação para a tradução das obras de Kardec?
Evandro - Há cerca de cinco anos, em conversa com o presidente Nestor João Masotti, discorríamos sobre as dificuldades encontradas por muito leitores que compulsam as obras básicas da Codificação Espírita editadas pela FEB, tendo em vista a linguagem erudita, recheada de expressões complexas e vocábulos peculiares à época em que foram escritas, hoje em desuso ou pouco empregados, tendo em vista o próprio dinamismo da língua portuguesa. Além disso, a própria estrutura das frases, com inversões e interposições frequentes, tornava a leitura um tanto cansativa, exigindo do leitor maior dose de atenção par a a exata compreensão e assimilação dos ensinamentos ali contidos. Com isso, não pretendemos, de maneira alguma, desmerecer o trabalho grandioso, heroico mesmo, levado a cabo pelo Dr. Guillon Ribeiro, tendo em vista a sua cultura e capacidade inquestionáveis no trato das línguas portuguesa e francesa, bem assim o seu completo domínio nas questões relativas ao Espiritismo. Ele agiu como deveria ter agido, servindo-se da linguagem da sua época, aquela que estava em voga na década de vinte do século passado, e o fez muito bem, atento ao público a quem se dirigia, a maior parte composta de pessoas de nível intelectual diferenciado, considerando-se, então, as dificuldades materiais que impediam o povo de ter acesso aos livros. Nossa motivação para traduzir as obras de Allan Kardec, portanto, tivera, e tem em vista facilitar aos leitores desprovidos de maiores recursos intelectuais a correta compreensão daquilo que estão lendo, por meio de uma linguagem leve, mais solta, recheadas de termos e expressões mais próximas da sua realidade cotidiana, sem prejuízo da correção da língua e com escrupulosa observância da fidelidade ao texto original, o que não significa de modo algum, que tenhamos traduzido ao pé da letra, obrigado que fomos, algumas vezes, a nos servir de paráfrases e a substituir palavras e expressões sem correspondência coma nossa língua. Além disso, traduzir as obras de Allan Kardec representava uma oportunidade inesquecível de estudarmos a fundo a Codificação Espírita e, de certa forma, mergulharmos na psicosfera abençoada do Codificador do Espiritismo.

           Reformador - Qual o diferencial da nova tradução de O Livro dos Espíritos?
           Evandro - Embora a 2ª impressão da 2² edição de O Livro dos Espíritos, seja considerada a edição definitiva da obra, servindo de base para as traduções nas diversas línguas, o primeiro livro da Codificação Espírita sofreu pequenas alterações, acréscimos e supressões ao longo das edições que se foram sucedendo, até a 12º, de 1864, o que nos leva a afirmar que esta é de fato, a edição definitiva de O Livro dos Espíritos. Nossa tradução destacou cada uma dessas alterações a fim de que ficasse consignados os registros históricos relacionados com as publicações originais do livro, facultando aos estudiosos da Doutrina Espírita que não dispõe dos originais franceses o acesso fácil e rápido a informações valiosas não contempladas nas demais traduções disponíveis em nosso país. Eis alguns exemplos. Logo no início do livro há um "Aviso", espécie de prefácio, por meio do qual Allan Kardec faz uma apreciação da obra e destaca as diferenças entre a 1ª e 2ª dição do livro,sobretudo o aumento considerável de perguntas de 501 para 1019, "Aviso" esse que não tem sido incluído em edições brasileiras e francesas, apesar de ter sido mantido em todas as edições publicadas por Kardec enquanto encarnado. Muito importante também é a "Nota" que se segue ao "Prolegômenos", por meio da qual Allan Kardec informa que o livro só foi publicado depois de ter sido cuidadosamente revisto e corrigido pelos próprios Espíritos, inclusive as observações e comentários que ele aditou ao texto. Embora excluída mais tarde (10ª - 1863), a nova edição da FEB contempla a sua tradução integral. Finalmente, para ficarmos apenas com estes três exemplos, pois que há outros, as últimas páginas do livro estampam uma "Errata", que, embora não tenso sido incorporada ao texto do livro, complementa algumas observações de Kardec, disseminadas ao longo da obra. isto do ponto de vista dos registros históricos. Em nossa opinião, porém, o maior diferencial da nova tradução esta na simplicidade, na clareza, na leveza do estilo e na atualização de algumas palavras e expressões pouco usadas atualmente e que podem impedir ou dificultar a compreensão dos leitores. (CONTINUA)

Um comentário:

  1. Interessante, mais parece que tem continuação. Se tiver, onde esta?
    Obrigado

    ResponderExcluir