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sexta-feira, 20 de junho de 2014

A figueira que secou

Octavio Caúmo dirige o
Centro Kardecista "Os Essênios",
em João Pessoa - PB
Por Octávio Caúmo
O Clarim - Jun 2014

A passagem traz uma analogia daquelas pessoas que
apenas aparentam o bem, mas nada realizam


                     Esta é uma das passagens registradas nas lições de Jesus Cristo, conforme relato do Evangelista Marcos, XI-12 a 14 e 20 a 23.
                     Allan Kardec, em seu comentário sobre esse assunto no capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, disse que a figueira seca simboliza as pessoas que apenas aparentam o bem, mas na realidade nada produzem de bom. Caso dos oradores que têm mais brilho que solidez, com palavras que só têm verniz; agradam aos ouvidos, mas ao serem analisadas nada têm de substancial para o coração. Ao final perguntamos: "Que se aproveitou do que ele disse?".
                    Revela igualmente que todos nós podemos servir de alguma forma, mas geralmente somos como figueiras secas: cheios de folhas, como enfeite, porém sem produzir o fruto que alimenta. E em se tratando de amor ao próximo, fala-se do alimento para a alma e o coração.
                    Grande parte da humanidade se enquadra nesta definição de Kardec, quer os profissionais de diferentes atividades, quer políticos e mesmo religiosos. Cheios de ideias e como fiscais do trabalho alheio, estamos sempre prontos a censurar. Não sabemos dar um dó de peito, mas percebemos, claramente, quando os outros desafinam.
               Por isso é que em todos os discursos e pregações ouvimos as mesmas expressões: "precisamos ser solidários", "precisamos tirar as crianças das ruas", "precisamos erradicar a miséria". E acrescentam a tudo isso um tempo que não existe: O MAIS DEPRESSA POSSÍVEL, sinônimo de NUNCA. "O senhor prometeu tomar providências "o mais depressa possível". "Pois é, ainda não foi possível!". É um tempo que nunca chega... 
                   Se desejamos mudar a sociedade, é hora de fazer algo concreto e não discursos de falas prontas, desacompanhados de ação. Não adianta falar muito, porque o momento é de fazer. Lembro-me do saudoso amigo Roque Jacintho, com quem convivi bom tempo  no Grupo Fabiano de Cristo, na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, sempre que vejo uma pessoa arranjar trabalho para os outros.
                  Quando alguém se achegava para dar alguma sugestão, ele ouvia atentamente. "Seo Roque, estava pensando, nós podemos organizar um trabalho com crianças para evitar... etc., etc., etc." Imediatamente ele aprovava e dizia: "Excelente ideia, pode começar o trabalho quando quiser. Vocé é o responsável". Na mesma hora vinha a habitual resposta: "Não, mas eu não tenho tempo". Com a calma que o caracterizava, Roque dizia: "Ah! Você só tem a ideia. Ideias nós temos muitas, mas o centro não preciaa de palpiteiros, queremos trabalhadores. Obrigado". E deixava o "cientista" meditando sobre o assunto.
                  No centro espírita, o que aqui mais nos interessa, o que não falta é trabalho; faltam sim, sempre, colaboradores que se decidam a cooperar de verdade sem ficar apenas vendo e apontando falhas ou sugerindo que os outros providenciem os consertos. Se não está interessado em pôr a mão na massa, finja que não viu. Não será tão desagradável. A menos que haja um departamento específico que solicite a sua ajuda relatando os defeitos a serem reparados.

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