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sábado, 14 de junho de 2014

As cidades espirituais - 3

(continuação)

             Além daquilo que analisamos até aqui, mais um exemplo de raciocínio vem somar forças em defesa da existência de cidades no plano espiritual. É que Deus, na sua soberana bondade, não permitiria que centenas de espíritos desencarnados, ainda apegados aos mais variados tipos de vícios, não encontrassem apoio no mundo  espiritual, só porque nas Obras Básicas espíritas não há a menção explícita de um hospital. Ora, se não quisermos falar a palavra hospital, para não ferir os ouvidos dos que não conseguem perceber os desdobramentos lógicos que o estudo do Espiritismo nos dá, então poderemos dizer outra coisa mais complicada como: centro de apoio aos espíritos arrependidos, ou sociedade de ajuda aos espíritos necessitados, mas sinceramente, fica mais prático falar hospital.
             Assim, consequentemente, se existem hospitais, podem existir universidades, já que os espíritos progridem também na erraticidade (questão 230, L.E.), e poderiam fazer seus estudos dentro daquela região, onde os bons habitam, num lugar específico. Por que não? E qual o nome que se dá à região onde existem casas, hospitais e escolas? CIDADE.
            Poderíamos dizer que a crença em cidades no mundo espiritual não satisfaria o Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE). Talvez isso fosse verdade, se tal crença fosse mesmo uma informação nova. Como se tornou claro até aqui, a ideia de cidades espirituais é muito mais um desdobramento lógico dos princípios espíritas do que uma novidade. Assim, os relatos existentes em obras mediúnicas consagradas sobre o mundo dos espíritos seriam desdobramentos, ou consequências naturais dos estudos realizados e por isso não estariam fora do CUEE, como alguns pensam.
           Poderíamos dizer ainda que, se existissem cidades espirituais, então por que os Espíritos na Codificação, não as mencionaram, como nas obras mediúncia posteriores? Há uma resposta simples para isto, encontrada em O Livro dos Espíritos, na questão 123, cujas palavars utilizadas pelos Espíritos cabem muito bem aqui: "Como ousais pedir a Deus contas de seus atos? Supondes poder penetrar-Lhe os designios?".
              Já tivemos oportunidade de constatar que alguns espíritas contrários à ideia das cidades espirituais costumam mencionar a questão de O Livro dos Espíritos: "Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, de acordo com seus méritos?" (questão 1011 em algumas traduções), mas o que eles se "esquecem" é de explicar que esta pergunta está no subtítulo, "Paraíso, Inferno e Purgatório", portanto, é em oposição à noção de inferno e céu católicos que devemos entender a resposta dos Espíritos.
                    As cidades espirituais, como Nosso Lar, de André Luiz, não se enquadram como representantes destes lugares circunscritos e fechados na lógica Inferno/Céu da tradição teológica cristã, já que os espíritos não ficam nas cidades espirituais para sempre e nem são lugares absolutamente fechados ou absolutamente circunscritos, pois muitos espíritos podem de lá sair e depois retornar, como foi o caso de André Luiz. Além do mais a questão (1011), foi feita no singular, "um lugar"; este detalhe é importantíssimo e não pode ser negligenciado, pois a cidade Nosso Lar não é este lugar único da pergunta, já que a literatura mediúnica nos relata sobre a existência de várias cidades e não uma só, e para que não surjam dúvidas quanto a outras traduções, a questão de O LIvro dos Espíritos em francês: "Un lieu circonscrit dans l`univers est-il affecté aus peines et aux jouissances des Esprits, selon leurs mérits?". 
                    Devemos estudar o Espiritismo com profundidade para não caírmos na tentação das conclusões fáceis, superficiais e muitas vezes tendenciosas, encontradas não raro em teses acadêmicas, fóruns, ou "blogs", onde pessoas acreditando ser intelectuais e conhecedoras da Doutrina acabam construindo um espiritismo particular, distanciado do verdadeiro Espiritismo codificado por Allan Kardec.

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