B L O G DOS E S P Í R I T O S

quinta-feira, 17 de julho de 2014

1 - O homem ante a vida

Por Emmanuel
(Chico Xavier)
Do livro Roteiro


No crespúsculo da civilização em que rumamos para a alvorada de novos milênios, o homem que amadureceu o raciocínio supera as fronteiras da inteligência comum e acorda, dentro de si mesmo, com interrogativas que lhe incendeiam o coração.

Quem somos? Donde viemos? Onde a estação de nossos destinos? 

À margem da senda em que jornadeia, surgem os escuros estilhaços dos ídolos  mentirosos que adorou e, enquanto sensações de cansaço lhe assomam a alma enfermiça, o anseio da vida superior lhe agita os recessos do seu, qual braseiro vivo do ideal, sob a espessa camada de cinzas do desencanto.

Recorre à sabedoria e examina o microcosmo em que sonha. Reconhece a estreiteza do círculo em que respira. Observa as dimenções diminutas do Lar Cósmico em que se desenvolve. Descobre que o Sol, sustentáculo de sua apagada residência, tem um volume 1.300.000 vezes maior que o dela. Aprende que a Lua, insignificante satélite, do seu domícilio, dista mais de 380.000 quilometros do mundo que lhe serve de berço.

Os Planetas vizinhos evolucionam muito longe, no espaço imenso. Dentre eles, destaca-se Marte, distante de nós cerca de 56.000.000 quilometros na época de sua maior aproximação.

Alongando as perquirições, além do nosso Sol, analisa outros centros de vida. Sirius ofusca-lhe a grandeza. Pólux, a imponente estrela do Gêmea, eclipa-se em majestade. Capela é 5.800 vezes maior. Antares apresenta volume superior. Canópus tem um brilho oitenta vezes superior ao do Sol.

Deslumbrado, apercebe-se de que não existe vácuo, de que a vida é patrimonio de gota d`água, tanto quanto é a essência dos incomensuráveis sistemas siderais, e, assombrado ante o esplendor do Universo, o homem que empreende a laboriosa tarefa do descobrimento de si mesmo volta-se para o chão a que se imanta e pede ao amor que responda à sabedoria cósmica, dentro da mesma nota de grandeza, todavia, o amor no ambiente em que ele vive é ainda qual milagrosa em tenro desabrochar.

Confinado ao reduzido agrupamento consanguínea a que se ajusta ou compondo a equipe de interesses passageiros a que provisoriamente se enquadra, sofre a inquietação do ciúme, da cobiça, do egoísmo, da dor. Não sabe dar sem receber, não consegue ajudar sem reclamar e, criando o choque da exigência pra os outros, recolhe dos outros os choques sempre renovados da incompreensão e da discórdia, com raras possibildiade de auxiliar e auxiliar-se.

Viu a Majestadade Divina nos Céus e identifica em si mesmo a pobreza infinita da Terra. Tem o cérebro inflamado de glória e o coração invadido de sombra. Orgulha-se ante os espetáculos magnificentes do Alto e padece a miséria de baixo.

Deseja comunicar aos outros quanto aprendeu e sentiu na contemplação da vida ilimitada, mas não encontra ouvidos que o entendam. Repara que o Amor, na Terra, é ainda a alegria dos oásis fechados.

E, partindo os elos que o prendem à estreita família do mundo, o homem que desperta , para a grandeza da Criação, perambula na Terra, à maneira do viajante incompreendido e desajustado, peregrino sem pátria e sem lar, a sentir-se grão infinitesimal de poeira nos Domínios Celestiais.

Nesse homem, porém, alarga-se a acústica da alma e, embora os sofrimentos que o afligem, é sobre ele que as inteligências Superiores estão edificando os fundamentos espirituais de Nossa Humanidade.

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