B L O G DOS E S P Í R I T O S

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Solidão e abandono

Desvende seu Carma
Ano 1 Nº 1
(foto de arquivo)


Em visita a um abrigo de idosos no interior de São Paulo, averigou-se que a maioria dos internos foi literalmente abandonada por todos os familiares. Alguns, cuja família tem ciência de sua estada ali, não vem visitar. Segundo a assistente social, há famílias que deliberadamente não querem o ente de volta. Outras nem sabe do paradeiro deles, que sairam andarilhando pelo mundo.

Histórias assim revelam o quão extremo pode ser o caso de abandono, mas a solidão não se apresenta apenas nos asilos. Em visita solidária aos internados do hospital público na cidade de Bauru/SP, um parente dedicado  revelou que, em relação à tia internada, somente ele se dispunha a visitá-la. Nem seus filhos, nem outros sobrinhos. E naquele mesmo corredor, outros tantos acamados permaneciam sós, usufruindo das migalhas de atenção que recebiam dos poucos visitantes alheios. 

Por que essas pessoas chegam a tão triste fim? Seria o pagamento de débitos anteriores com a providência divina?

Causa e efeito
Nem tudo o que ocorre hoje é reflexo de deslizes de vidas anteriores. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, Kardec nos coloca que muitos dos dissabores atuais têm causas nessa encarnação mesmo, em função das escolhas feitas ao longo da vida. "Quantos homens caem por sua própria culpa", enfatiza. Vejamos como os apontamentos de Kardec têm íntima relação com a solidão e o abandono futuro:
"Quantas pessoas são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!"

O orgulho, a grande chaga da humanidade leva o  indivíduo a entender que o resto do mundo não está à altura. O orgulhoso é o primeiro a apartar pessoas de sua convivência, criaturas que ele entende não fazerem parte do "seu nível". A ambição, por sua vez, coloca o indivíduo contra todos os outros em busca de posses, poder e status. Quando essas coisas efêmeras passarem o que ira sobrar? 

"Quantos se arruínam por não terem sabido limitar seus desejos".

O ser voluntarioso, sem disciplina, é como a criança que faz birra para ter o que quer. Não se importa de fazer uso de violência, agressões verbais, manipulações e chantagens emocionais para  conseguir seu intento. Na criança, esse comportamento já não é tolerável. Adultos que seguem vida afora com a certeza de que o mundo é obrigado a atender seus caprichos sofrerá a decepção de encontrar os outros cuidando de suas próprias vidas. E aí?

"Quantas dissenções e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!"

Moderação ao falar. Aquele que evita o verbo que fere, os ataques de ira e os insultos certamente evita o afastamento das pessoas de seu convívio. Mas, muito mais frequente que o ferir, é a ponderação de Kardec a respeito da suscetibildiade. Trata-se da pessoa melindrosa, que se ofende com tudo o que é dito ou feito, ainda que o outro não haja tido a intenção de magoar. Pessoas suscetíveis acabam se afastando dos demais, voluntariamente.

"Quantos pais são infelizes com seus filhos porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências (...) por fraqueza ou indiferença (...); depois, quando colhem o que semearam, admiram-se e se aflingem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles".

Por fraqueza, entende-se os pais que se submetem à vontade dos filhos, evitando as correções necessárias talvez por infantilização do próprio espírito; indiferença àqueles que ocupados consigo mesmos, não percebem-lhe os desvios de caráter. E o preço dessa fraqueza ou indiferença, muitas vezes, é o abandono na velhice.

Com esses apontamentos, Kardec não intenta lançar sobre os abandonados do mundo um olhar condenador, mas sim alertar aos jovens de hoje que a lei de Causa e Efeito é inevitável. E assim sendo, o jovem generoso, os pais atenciosos e preocupados, os colegas de trabalho colabortativos e os espíritos pacíficos em geral dificlmente se sentirão sozinhos, ou serão abandoandos, unidos a almas afins por laços de alegria de de gratidão.

Antidoto antisolidão
O escritor espírita Richard Simonetti reforça em suas palestras que a "solidão é a falta de caridade". De fato, solidão é o isolamento da alma em si mesma, enquanto a caridade é a preocupação com o outro. Quando a pessoa se dedica àquele que tem menos do que ela, sai da situação de vítima e percebe gratificada que pode partilhar suas bençãos. E a caridade é um convite na trajetória dos espíritos: o parente difícil que exige compreensão e paciencia; o familiar que depende de cuidados físicos alheios; o abandonado anônimo que hoje sofre; o grupo de voluntários que precisa de uma mão amiga: o colega de trabalho que exige tolerância. Vale lembrar que, ainda que o outro não reconheça o benefício que lhe foi ofertado por suas mãos generosas, a espiritualidade o fará.

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