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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Uma porção de ninguém

Por Octávio Caúmo Serrano
João Pessoa - PB
Octávio Caúmo Serrano

    Minha sogra, desencarnada em 1963, já dizia: "o povo é uma porção de ninguém." Embora não nos pareça realidade, comportamo-nos como tal, fazendo com que a frase tenha sentido. Nosso bem mais precioso - a nossa vida - entregamo-la facilmente ao primeiro que nos cruza o caminho transferindo-lhe a responsabilidade do nosso futuro e do nosso progresso. Seja o governo, o patrão, o cônjuge, o filho, o professor. Por que agimos assim? Porque não nos conhecemos e não sabemos o verdadeiro sentido da encarnação que nos foi presenteada por Deus. Não nos damos o verdadeiro valor que temos como filho de Deus e inteligência humanas.
     Somos geralmente negativistas, pré-ocupados, não acreditamos ter alguma importância nem que somos auxiliares de Deus na criação e melhoria do mundo. Pensamos que, sozinhos, não podemos realizar nada, o que não é verdade. Se um gesto de amor cobre uma multidão de pecados, e se a luz de uma vela pode dissipar uma montanha de trevas,não poemos ignorar que o bem que fazemos, por menos que seja. haverá de interferir na modificação da sociedade. Tanto o bem como o mal são multiplicativos e, portanto, uma atitude gera inúmeras consequências. Que ela seja boa, portanto!
     Se não acreditamos nisso, vejamos o que diz a questão 932 de O Livro dos Espíritos. "Por que no mundo os maus sempre exercem maior influência sobre os bons?"  Resposta, "pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos,quando estes o quiserem, predominarão." Por isso as manchetes das mídias são feitas de tragédias, já que a bondade, embora de maior volume que a maldade, carece de divulgação. Não sendo divulgada, não influencia a sociedade. Daí o insistente ramerrão que tudo está mal e que o mundo piora a cada dia, pois é isso que nos mostram, embora  a realidade não seja isso.    
       Um orador espírita fala para dez, cem ou mil pessoas, levando-lhes otimismo e dando receitas para superar as dificuldades. Entrementes, a televisão via satélite espalha para milhões e milhões de espectadores todas as falcatruas dos políticos, todas as violências dos bandidos e todas as intrigas e mediocridades dos realities shows, tudo isso, por incrível que pareça, ainda gozando de extraordinária audiência.
          Concluímos que não temos de culpar os outros pela nossa vida difícil, mas a nossa própria falta de iniciativa no sentido de romper com a mediocridade para decidirmos ser alguém que compreende o que faz no mundo e como tirar deste momento tudo o que ele tem para nos oferecer. Não somos uma porção de ninguém, se não quisermos sê-lo. Mas, infelizmente, insistimos em dar razão à minha sogra!
 (Artigo publicado em O Clarim, de novembro de 2012)

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