B L O G DOS E S P Í R I T O S

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O que foi e o que é

Por J. Herculano Pires

          
     A insistência de alguns confrades, no combate ao "biblismo" no meio espírita, tem o seu lado louvável. Também é louvável a insistência dos que combatem o "evangelismo" de tipo protestante, que parece invadir numerosos centros. Todo apego aos velhos textos não se justifica diante dos novos, que nos foram legados por Allan Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade. 
               


       O Espiritismo que se enfeita de exageros bíblicos ou evangélicos está nas condições de remendo do pano novo,que se quer aplicar ao pano velho. Mas isso não quer dizer, evidentemente, que se deva atirar ao lixo o pano velho.
          Todo exagero é condenável, por levar, infalivelmente, ao erro. Consideramos, portanto, errados em sua posição doutrinária, tanto os que condenam a Bíblia como pano velho e imprestável, quanto os que a consideram como a "palavra de Deus". Kardec é o primeiro a nos dar exemplo da atitude que devemos tomar e face da Bíblia. Basta-nos a leitura de seus livros, para compreendermos que ele não ia tanto ao mar, nem tanto a terra.  Nisso, como em tudo, sua atitude era sensata, equilibrada, serena, compreensiva e sobretudo racional. 
            O espírita está de posse de uma doutrina que esclarece todos os problemas humanos, que lança uma luz bastante clara sobre a história, e que exatamente por isso não lhe permite atitudes extremadas. Ali onde os outros não vêm senão um aspecto, um lado da coisa analisada, o espírita tem obrigação de ver mais, de enxergar o fundo. No caso da Bíblia e do Evangelho, essa obrigação se torna ainda maior. essas duas codificações, referentes a duas revelações que antecederam a espírita, apresentam fases fundamentais da preparação do Espiritismo. Temos o direito, e até mesmo o dever, de analisar os textos antigos.Mas não temos o direito de procurar destruí-los ou negá-los.

              PEDRA DE ALICERCE

              Nada mais fácil do que encontrar erros históricos e contradições nos textos antigos. Muita tinta e muito  papel já se gastou com isso, principalmente no caso da Bíblia. Mas nem a ela nem outros textos submetidos a esse processo de análise agressivo tiveram o seu prestígio diminuído, ou sequer arranhado. A força de livros como a Bíblia não esta no seu conteúdo racional, na sua coerência moral e religiosa. Esta na tradição e no sopro espiritual que lhe impregna as páginas.
                O leitor da Bíblia sentencia as análises moderna como heréticas, e mais fundamentalmente se apega ao seu livro. O mesmo se dá com os textos evangélicos: quanto mais combatidos, mais se impuseram no mundo. Porque todos esses textos foram feitos para falar mais ao coração do que à razão, para despertar antes a alma do que a mente. E cumpriram e cumprem sua missão na Terra, apesar de toda a incompreensão dos que os combatem. Alguns intelectuais espíritas entendem que precisamos acabar com o "biblismo" e o "evangelismo"  no cerne da doutrina. Outros entendem, por outro lado, que precisamos de mais Bíblia  e mais Evangelho. Parece-nos que são duas posições extremas e, por isso mesmo contrárias ao espírito de compreensão da doutrina.
                O Espiritismo nasceu cristão, fundamentado nos Evangelhos, como vemos desde O Livro dos Espíritos, tendo a Bíblia como sua base mais profunda, como a pedra mais incorporada em seu alicerce. (continua)

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