Num ambiente assim, amorfo, indefinido, mas em que despontam forças novas prenunciando um futuro melhor, graças às novas gerações que adquirem formação universitária, que escapam do autodidatismo mediocrizante, os diálogos de Uberaba se impõem como preparação do terreno para o alvorecer de uma nova era. Os volumes já lançados nesta série da Editora GEEM (Editora do Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do Campo) apresentam ao público espírita ledor os diálogos da preparação. Nossos comentários tem por finalidade mostrar o que há de grave e profundo em cada mensagem, estabelecendo a relação dos seus ensinos com os princípios doutrinários, de um lado, e com as novidades culturais do nosso tempo, de outro lado. Se os Espíritos nos deram essa tarefa não foi por sermos mais capazes, mais cultos ou preparados do que outros, mas simplesmente por termos compreendido de há muito a sua necessidade. Quem não tem cão, caça com gato...
Quem acompanhar a sequência desta série - Chico Xavier Pede Licença, Na Era do Espírito, Astronautas do Além e Diálogos dos Vivos - perceberá que esses diálogos preparam o nosso meio para uma compreensão mais ampla e mais fecunda da natureza e do sentido da mensagem mediúnica. As vozes do Além, quando legítimas, não se destinam apenas a consolar os aflitos, mas também e sobretudo a a ensinar, esclarecer e abrir perspectivas novas ao entendimento dos problemas espirituais. Menosprezar a importância das mensagens mediúnicas é negar o valor do trabalho abnegado dos Espíritos Superiores em nosso benefício. Bem examinada, cada uma dessas mensagens é uma sugestão e uma indicação de rumos para estudos futuros. Como demonstramos ao longo desta série de volumes, às vezes numa simples quadra, num soneto, num poema, os Espíritos comunicantes nos oferecem novas pistas de indagações e estudos, com vistas ao futuro próximo, no desenvolvimento da Cultura Espírita.
Ars longa, vita brevis, diz a tradução latina do primeiro aforismo de Hipócrates. E Camões exclamou, diante de sua obra inconclusa: "Para tão longa arte, tão curta vida!" O desenvolvimento da Cultura Espírita, não é obra para nós, para a nossa geração, nem para a nova que já ombreia conosco . É obra de gerações. As vidas sucessivas estabelecem o encadeamento das gerações no desenvolvimento cultural. Por isso encontramos em O Livro dos Espíritos a constante advertência: "Tudo se encadeia no Universo". Não tenhamos a pretensão de sermos mais do que elos dessa cadeia que se iniciou com as gerações passadas, desenvolve-se com as presentes e se prolongará com outras gerações no futuro sem limites.
Procuremos compreender o momento na Terra. É um momento de crise, mas de crise de crescimento. Os desajustes de hoje correspondem ao desmontar de estruturas envelhecidas que não mais atendem às necessidades da nossa evolução. No meio espírita passamos rapidamente da fase mística para a fase cultural. Os pequenos grupos de liderança individualista sentem a necessidade de abrir-se para a dimensão comunitária. Instituições vetustas e veneráveis sofrem os choques das novas exigências e embora procurem resistir vão aos poucos se abrindo para adaptações difíceis mas indispensáveis. Da assistência material à pobreza, em formas antiquadas, passamos à assistência material-espiritual através de redes hospitalares e redes escolares em franco desenvolvimento. Do amparo ao órfão passamo a assistência médica, dentárias, cultural e espírita (não apenas espiritual, mas espírita) às crianças necessitadas e suas famílias. E organizamos sanatórios educandários para o socorro a crianças excepcionais, desajustadas ou submetidas à prova de doenças crônicas. (CONTINUA)
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