
A perseverança parte do princípio de que sempre haverá estrada depois da curva, de que sempre haverá ponto a se chegar e do qual partir. A perseverança não é uma virtude estática que alimenta nossa lacunas e cavernas. Ao contrário, ela nos convida a sair, andar, pesquisar, conhecer e tornarmos-nos senhores do conhecimento e das obras que realizamos.
Certo homem era exímio pedreiro - construía casas com maestria. Sabia fazer os alicerces, erguer as paredes e tranças madeiras e telhas com a definição de um grande aretista. Contudo, tinha um grande problema: na hora de rebocar as paredes, sentia-se cansado e triste. Então, na sua parte externa elas ficavam tortas, disformes e enfeavam toda a construção, todo o seu labo de meses e anos. Ele não perseverava até o fim - achava que aquela parte final era entediante. Assim, foi perdendo a clientela e assumindo cargos menos nas construções. Desta forma, as belezas finais levavam a assinatura de outros pedreiros que sabiam perseverar. Muitos fazem o mesmo: constroem belas obras e ideias, mas fraquejam na hora final. Assentam-se num pseudo trono e ficam ali exigindo, reconhecimento indébitos; se não os recebem, esbravejam e culpam os outros pela incapacidade de apreciar seus esforços.
Vivemos num tempo em que as excelências se fazem em tudo que é externo. No tocante a construções e confortos, o belo tem assumido proporções inimaginadas em nossas sociedades. O belo, principalmente, não é ação de um minuto - é esforço de milênios.
Daqui a pouco todos serenos belos interiormente. Semelhante atrai semelhante e, de tanto observarmos e vivermos com as coisas bonitas que nos rodeiam, certamente mudaremos nossos interiores. Nossas casas ficarão mais organizadas, nossa roupas mais belas, nossos corpos mais bonitos e, principalmente, nossas ações mais moralizadas. Pois o caminho do belo passa pelo caminho da moral. Sem ela, somo apenas prateleiras das coisas bonitas e nada mais.
E para se chegar a tanto é preciso muito trabalho e dedicação. Para se chegar ao pleno conhecimento das lições, necessitamos de um mergulho eficaz nas águas que as enfeixam. Se desejarmos uma sociedade justa, precisamos fazer o que nos compete dentro dos parâmetros da justiça; mão somente aquela que desejo para mim, mas também aquela que ofereço ao outro. É aí que a perseverança, antídoto dos desânimos, precisa encontrar pouso em nossos corações.
Um caminho é feito por metros e lances.Não posso querer estar no lance seguinte se ainda não venci aquele por onde transito. Se olhar lá para frente, posso desanimar. Contudo, se perceber o quanto já caminhei, posso me fortalecer. (continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário