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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Diálogo com as sombras - 2

(continuação)


Nunca é demais enfatizar que a organização de um grupo de trabalho mediúnico começa muito antes de dar-se início às suas tarefas propriamente dita, com o estudo sistemático das obras básicas, e das complementares, da Doutrina Espírita: as de Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Dellane, Gustavo Geley, e certos trabalhos de origem mediúnica, como os de André Luiz. Muita ênfase precisa ser posta no estudo dos escritos que cuidam do complexo problema da mediunidade, suporte indispensável de toda a tarefa programada. Assim, é preciso insistir: a formação ou nascimento de um grupo é muito importante , e deve ser cercado dos mesmos cuidados que precedem à formação e ao nascimento de uma criança: ou seja, a educação dos pais. Estão preparados para a tarefa? Desejam o filho? Dispõem-se aos sacrifícios e renúncias que o trabalho impõe? Estão conscientes das suas responsabilidades, dos percalços e das lutas que os esperam? Para que desejam o filho? Sonham fazer dele um grande homem, no sentido humano, forçando-o a uma tarefa acima de suas forças, para a qual não esteja preparado, ou se dispõem a criar condições para fazer dele um ser digno, pacificado e amoroso? Estão prontos a receber a tarefa com humildade? E, acima de tudo: estão prontos e dispostos a se doarem integralmente, sem reservas, ao amor ilimitado, sem condições e sem imposições? O amor nao exige recompensa. O amor, dizia Edgar Cayce, não é possessivo; o amor é.

Se estamos com essas disposições, podemos começar. E começar pelo planejamento, e não pela execução atabalhoada e sem preparo. Examinaremos o assunto por partes e com as cautelas devidas.

Voltaremos às questões que formulamos acima, ao comparar o grupo nascente com um filho. Antes, ainda no corpo desta conversa inicial, uma observação de caráter pessoal: ao planejar a elaboração deste livro, julghuei necssária uma pequena introdução que situasse a obra em seu contexto próprio. Não foi preciso escrevê-la, pois já estava pronta. Reformador, de fevereiro de 1966 publicou um artigo intitulado: "Espiritismo sem sessão espírita?" que a seguir transcrevo, por interessar aos objetivos deste livro.

*
"Encontramos às vezes confrades que não gostam de frequentar sessões espíritas. As razões que os levam a essa decisão - creio eu - são respeitáveis, pois cada um de nós sabe de si e do que, modernamente, se convencionou chamar de suas motivações.

É preciso, entretantto, examinar de perto essa posição de ver o que contém ela de legítimo, não apenas no interesse da doutrina que todos professamos, mas também no interesse da cada um.

De fato, há alguns problemas ligados à frequência de trabalhos mediúnicos. O primeiro deles - e dos mais sérios - é o da própria mediunidade, essa estranha faculdade humana sobre a qual ainda há muito o que estudar. Outra dificuldade ponderável é a organização de um bom grupo que se incumba, com regularidade e seriedade, das tarefas a que se propõe.

Há outros problemas e dificuldades de menor importância, mas creio que basta considerarmos aqui apenas esses dois - o que não é pouco.

A análise das questões mais complexas quase sempre pelas definições acacianas e de vez em quando é bom a gente recorrer a velhos copnceitos para ilumianr obstáculos novos.

O Espiritismo doutrinário nasceu das práticas mediúnicas, delas se nutre e delas dependem, em grande parte, o seu desenvolvimento futuro. O intercâmbio, entre o mundo espiritual e este, somente assumiu expressão e sentido filosófico depois que Kardec ordenou e metodizou os conhecimentos adquiridos em contacto com os nossos irmãos desencarnados. Parece claro, também, que o equacionamento e a solução das grandes inquietações humanas vão depender, cada vez mais, da exata compreensão do mecanismo da relação entre esses dois mundos que, no final de contas, não são mais que um único, em planos diferentes. Logo, a prática mediúnica é, não apenas aconselhável, como indispensável ao futuro da Humanidade.

Convém pensar também que a própria dinâmica da Doutrina Espírita exige esse intercâmbio espiritual, em primeiro lugar para que se observe e estude o fenômeno da mediunidade, suas grandezas, os riscos que oferece, as oportunidades de aprendizado e progresso que contém, não apenas para o médium, mas para aquele que assiste aos trabalhos e deles participa. (CONTINUA)

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