Por José Herculano Pires
Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra. Temos no Brasil - e isso é um consenso universal - o maior, mais ativo e produtivo movimento espírita do planeta. A expansão do Espiritismo em nossa terra é incessante e prossegue em ritmo acelerado. Mas o que fazemos, em todo este vasto continente espírita, é um imenso esforço de igrejificar o Espiritismo, de emparelhá-lo com as religiões decadentes e ultrapassadas formando por toda parte núcleos místicos e portanto fanáticos, desligados da realidade imediata. Dizia o Dr. Souza Ribeiro, de Campinas, nos últimos tempos de suas lutas espíritas : "Não compareço a reuniões de espíritas rezadores!" E tinha razão, porque nessas reuniões ele só encontrava turba de pedintes, suplicando ao Céu ajuda.
Ninguém estava ali para aprender a doutrina, para romper a malha da teia de aranha do igrejismo piedoso e choramingas. A domesticação católica e protestante criara em nossa gente uma mentalidade de rebanho. O Centro Espírita tornou-se uma espécie de sacristia leiga em que padres e madres ignorante indicavam aos pedintes o caminho do Céu. A caridade esmoler, fácil e barata, substituiu as gordas e faustosas doações à Igreja. Deus barateara a entrada do Céu, e até mesmo os intelectuais que se aproximam do Espiritismo e que tem o senso crítico, se transformam em penitentes. Associações espíritas, promissoramente organizadas, logo se transformam em grupos de rezadores pedinchões. O carimbo da igreja marcou fundo a nossa mentalidade em penúria. Mais do que subnutrição do povo, no seu cortejo trágico de endemias devastadoras, o igrejismo salvacionista depauperou a inteligência popular com seu cortejo de carreirismo política-religioso, idolatria mediúnica, misticismo larvar, o que é pior, aparecimento de uma classe dirigente de supostos missionários e mestres farisaicos, estufados de vaidade e arrogância. São os guardiães dos apriscos do templo, instruídos para rejeitar os animais sacrificiais impuros, exigindo dos beatos a compra de oferenda puras nos aprisco sacerdotais. Essa tendência mística popular carregadas de superstições seculares favorece a proliferação de pregadores santificados, padres vieiras sem estalo, tribuno de voz empostada e gesticulação ensaiada. Toda essa carga morta esmaga o nosso movimento doutrinário e abre as suas portas para a infestação do sincretismo religioso afro-brasileiro em que os deuses ingênuos das selva africana e das nossas selvas superam e absorvem os antigos e cansados deus cristãos. Não no clima para o desenvolvimento da Cultura Espírita.
As grandes instituições Espiritas Brasileiras e as Federações Estaduais investem-se por vontade própria de autoridade que não possuem nem podem possuir marcadas que estão por desvios doutrinários graves, como no caso do roustainguismo da FEB e das pretensões retrógradas de grupelhos ignorantes. Teve razão de sobras Andre Dumas, do Espiritismo Francês,e m denunciar recentemente, em entrevista à revista Manchete, a situação católica e na verdade de anti-espírita do Movimento Espírita brasileiro.A domesticação clerical dos espíritas ameaça desfibrar todo o nosso povo, que por sua formação igrejeira, tende a um tipo de alienação esquizofrênica que o Espiritismo sempre combateu, desde a proclamação de fé sempre no Kardec, contra a fé cega e incoerente, submissa e farisaica das pregações igrejeiras.
(CONTINUA AMANHÃ)
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