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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A mediunidade e O Livro dos Médiuns - 2

(continuação)
  
                    Durante a Idade Média, deu-se o estudo mais profundo dos Evangelhos pela Igreja, e esta não permitia a prática da mediunidade, outorgando a si mesma a primazia de ser a intérprete dos Evangelhos, desconsiderando os inúmeros fenômenos espíritas, constantes nas anotações dos evangelista Mateus, Marcos, Lucas e João. Somente em sociedade ultra-secretas se reuniram os médiuns, para ouvirem os Espíritos. Milhares de vidas foram sacrificadas, nesse período da História sob a acusação de feitiçaria e evocação dos mortos. Era a Idade Média, considerada por alguns historiadores como a Idade das Trevas. Dessa época, citamos Joana D`arc que, guiando o povo francês, sob orientação de suas vozes, deixou clara a possibilidade de comunicação entre os vivos e os mortos e, por isso, foi condenada à fogueira...E a mediunidade continuou sendo mal compreendida, não estudada e perseguida; considerada uma chaga demoníaca, uma doença mental, até a segunda metade do século XIX. Somente após o surgimento de O Livro dos Médiuns, a faculdade mediúnica passou a ser compreendida e usada, de forma coerente e lógica, para permitir um contato racional e metódico com o Mundo Espiritual.
                   Não se encontra, nos anais da História, o estudo e a prática da mediunidade de forma sistematizada e científica como o fez Kardec. O que sempre existiu foi a explosão do fenômeno e sua utilização, de forma espontânea e anárquica, sem que se conhecesse a sua natureza e sua utilidade para o progresso moral e intelectual da Humanidade. A partir de O Livro dos Médiuns, a faculdade mediúnica foi adestrada para uso consciente a serviço do bem e do progresso moral e espiritual da Humanidade. A quem a conspurque, tirando dela proveitos inconfessáveis ou usando-a para fins terra-a terra, de forma irresponsável, entregando-se tais médiuns às forças do mal, construindo um futuro de experiências dolorosas, até quer aprendam a usar a mediunidade como ferramenta de evolução de si próprios e dos que lhes circundam. 
                            A tese fundamental de O Livro dos Médiuns é a da existência do Perispírito ou corpo energético dos Espíritos, elemento de ligação do espírito ao corpo material.A partir da comprovação da existência do Perispírito, a obra se aprofunda e explica toda a fenomenologia espírita. Ao anunciar a publicação do livro na Revista Espírita esclarece o autor: "O Espiritismo experimental é cercado de muito mais dificuldades do que geralmente se pensa, e os escolhos aí encontrados são numerosos. É isso que ocasiona tantas decepções aos que dele se ocupam, sem a experiência e os conhecimentos necessários. Nosso objetivo foi o de prevenir contra esses escolhos, que nem sempre deixam  de apresentar inconvenientes para quem se aventure sem prudência por esse terreno novo. Não podíamos negligenciar um ponto tão capital, e o tratamos com o cuidado que a sua importância reclama". (1) Por essa razão, ele se torna um manual indispensável aos que se dedicam, ao intercâmbio mediúnico e, essencialmente, àqueles que têm a responsabilidade de conduzir os médiuns ao desenvolvimento e educação de suas faculdades, bem como aos que assumem a condução de um grupo de médiuns destinados ao trabalho de assistência espiritual, por meio da desobsessão.
                               Desenvolve o aspecto científico da Doutrina, em duas partes: a primeira aborda noções preliminares sobre a existência dos Espíritos, a metodologia dos estudos espíritas e os diferentes sistemas pelos quais a Doutrina é encarada; a segunda refere-se às manifestações espíritas, meios de comunicação com o mundo invisível, educação mediúnica e dificuldades enfrentadas para a prática do Espiritismo. Alerta que essas dificuldades originam-se da ignorância dos princípios dessa Ciência. Não obstante muitos acreditarem que O Livro dos Médiuns está ultrapassado nos seus conceitos e abordagens, na verdade, ele continua sendo um livro atual, rasgando novos horizontes para as concepções científicas dos nossos dias.
                             "Nenhuma outra obra até o momento, penetrou tão fundo as investigações, na palpitante questão dos médiuns, da mediunidade, dos efeitos morais do exercício mediúnico, seus perigos e bençãos, oferecendo os mesmo excelentes e seguros resultados".(2)
                                  Parabéns, pelo sesquicentenário desse livro tão importante, que esperamos seja, um dia, mais lido  e mais estudado pelos espíritas.

(1) Kardec, Allan. Revista Espírita, Janeiro de 1881. 1.Ed. Rio de Janeiro - RJ. FEB, 2006. p.23
(2) Franco, Divaldo Pereira. Médiuns e mediunidade. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Niteroi-RJ, Arte & Cultura, 1990, cap. 2. p. 18.
                   

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