![]() |
Jornalista Octávio Caúmo |
O meu filho Fernando Sá de Melo nos enviou e-mail, semana passada, com um questionamento sobre os Espíritos. Como se tratava de uma pergunta que exigia uma resposta bastante convincente, não me senti capacitado para tal e recorri ao amigo presidente do Centro Kardecista Os Essênios, jornalista e palestrante espírita Octávio Caúmo, que gentilmente, como é do seu costume, nos atendeu. Ele achou melhor dividir a pergunta em três partes, respondendo uma a uma. Vejamos:
P - Como entender que o espírito intelectualizado, experiente, sábio, evoluído, de alguém que teve uma longa vida, possa reencarnar em um novo corpo, que começa num ser infantil, virgem dos aprendizados humanos e sujeito a absorver personalidade e comportamento genéticos e sociais do meio em que vive?
CAÚMO - Analisemos: Num planeta como o nosso, onde a característica dos espíritos é a imperfeição, pouquíssimos estariam na classificação acima. Ademais, ninguém neste planeta pode dispensar novos aprendizados, porque o caminho é longo. Raramente encontraremos quem não tenha vaidade da sua própria sabedoria, orgulho da sua experiência o que por si só já é defeito.
Outro comentário é que ele não volta órfão dos conhecimentos anteriores porque tudo o que aprendemos é nosso para sempre. Segundo o Cristo, é o nosso tesouro. O homem precisa da infância para que nela sejam revertidas tendências, o que é feito durante este semiesquecimento, o que lhe faculta novo e diferente aprendizado.
O homem além de receber influência do meio em que vive, também pode influenciá-lo. Se o homem é produto do meio, o meio é produto do homem.
Tem de ficar claro que os pais não passam para os filhos seus dotes espirituais, mas apenas os físicos. Como o professor que ensina o aluno, mas não pode saber por ele.
P - Não haveria aí uma transformação intensa do seu ser, a ponto de descaracterizar o espírito encarnado? Isso não desconforta um pouco os adeptos do Espiritismo?
CAÚMO - A finalidade da reencarnação e da infância é exatamente provocar a intensa transformação do ser, para o bem. Se ele já é um espírito adiantado não se deixará influenciar por uma orientação errada. O grande patrimônio do espirito é o seu senso moral e ele não irá se corromper por mais que insistam em levá-lo a fazer. Por isso numa comunidade de marginais encontramos homens de bem que ali estão em encarnação de teste ou como possíveis orientadores dos demais, servindo-lhes de exemplo. A Lei de Deus está na consciência dos homens, já diz O Livro dos Espíritos.
As encarnações a tem por finalidade melhorar os homens, mesmo porque, espiritualmente, ninguém anda para trás. As virtudes adquiridas jamais serão perdidas. O homem mau é sempre a encarnação de um mau espírito. Não há bom espírito encarnado em homem mau. Só retrocedemos em posições sociais, porque temos necessidade de novas experiências e elas muitas vezes favorecem o aprendizado. Por isso vemos analfabetos cheios de sabedoria e doutores completamente bitolados.
P - Ou seja, eu volto, mas nunca saberei que voltei, dado que sou outra pessoa bem diferente do que fui! Daí um outro ponto: O espírito que desencarna tem consciência do seu novo estado? E quando vai encarnar, tem também a consciência de que já viveu e esta voltando?
CAÚMO - Isto é um equívoco. Por que há tanta diversidade de vocações? Faz-se um chefe, mas não se faz um líder. Uns sem nunca aprender realizam tarefas que nem sempre são possíveis aos que estudam muito. Na música, nas artes, nas ciências, vemos isto todos os dias. São aprendizados do passado, que formam o patrimônio do espírito.
Importante saber que o esquecimento é parcial, especialmente das coisas sem importância, ou daquelas que poderiam ser mais um obstáculo do que um bem. Alguém que tenha matado o outro e precise viver ao lado dele, como pai e filho por exemplo. teria forças para o perdão ou suportaria naturalmente a vergonha. O que é preciso lembrar está guardado em nós e se manifesta na hora própria.
Não esqueçamos que o gênio de hoje, experiente como mencionado acima, quando foi criado simples e sem nenhum conhecimento não era gênio, nem experiente, nem bom. Conseguiu aprimorar-se graças às reencarnações. Caso contrário seria o ignorante da primeira vida.
Ao retornar a espiritualidade o espirito retoma a consciência da vida por inteiro e pode entristecer-se ou alegrar-se dependendo do quanto haja progredido aqui na Terra. É quando começam a planejar uma nova volta para prosseguir na evolução interminável. O importante é saber que somos filhos de Deus e se Ele determinou que o esquecimento era mais conveniente do que a lembrança é porque sabe um pouco mais do que nós.
Desculpe se fui prolixo e se não esclareci os seus questionamentos. Têm liberdade para voltar ao assunto quando quiserem.
Abraço e bom domingo
Octávio
Nenhum comentário:
Postar um comentário