Pouco tempo antes de morrer, em 1870, o escritor inglês Charles Dickens deu início a uma novela policial, gênero então em seus começos e a qual deu o nome de O mistério de Edwin Drood; pretendia fazê-lo em doze fascículos, e os foi publicando à medida que os concluía; entretanto, precisamente após a publicação do sexto fascículo faleceu, deixando incompleta a história, para a tristeza de milhares de leitores.
Mas, dois anos após a morte do escritor, um jovem tipógrafo chamado Thomas R. James declarou que estivera em contato com o espírito de Dickens e que este o nomeara seu agente terrestre, com poderes de delegado afim de terminar O mistério de Edwin Drood. O jovem tipógrafo, que não era escritor e tinha cultura quase nula, lançou-se ao empreendimento. Segundo testemunhas da época, seu processo de trabalho consistia em fechar-se num quarto e ali cair em transe; quando despertava, tinha escrito, automaticamente, páginas e páginas do Edwin Drood.
Após umas 100 mil palavras que a fantástica musa de James escrevera, a novela estava completa. Publicada foi um estouro; os críticos mais percucientes afirmavam ser impossível distinguir ambos os estilo porque, na verdade, havia um só estilo: ninguém sabia dizer onde terminava a narrativa de Dickens e a continuação do seu fantasma. Ocupando-se do assunto sensacional, o conhecido novelista Arthur Conan Doyle alegou que James não possuía, como era notório, talento literário;que a sua educação terminara aos 13 anos e sabia-se que jamais publicara uma só palavra; e concluiu que, de qualquer maneira, o jovem tinha adquirido o estilo de Dickens, a sua maneira peculiaríssima de pensar e de escrever o inglês, tarefa singular para um tipógrafo pobremente instruído. Houve outras e calorosas discussões; mas o livro, até hoje, justifica duplamente o seu título: O mistério do Edqui Drood continua a ser um mistério...
Nicéas Romeo Zanchett
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