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Irvênia Prada |
Todos nós que convivemos com animais sempre nos sensibilizamos com suas demonstrações de companheirismo e afetividade. É comovedor o testemunho do Padre Germano (Memórias do Padre Germano, de Amália Domingos Soler, FEB) a respeito de Sultão: "Pobre animal! Pesa-me dizê-lo, mas é a verdade: encontrei num cão o que nunca pude encontrar no homem. Quanta lealdade, cuidado, solicitude!".
Também nos surpreendemos com suas atitude inteligentes. Em A Gênese, cap III, itens 11 a 13, de Kardec, lê-se: "...isso (a inteligência) é um atributo exclusivo da alma... O animal carniceiro é impelido pelo instinto a nutrir-se de carne; porém, as precauções... sua previsão...são atos de inteligência".
Hoje, a Etologia, ciência do comportamento, criada por Konrad Lorenz, confirma plenamente esse enfoque kardequiano, demonstrando que os animais são seres inteligentes. Aliás, com capacidade muito além do que supúnhamos. Leia-se, a respeito, entre outros, O Parente mais Próximo, de Roger Fouts, biólogo americano que durante mais de 30 anos trabalha com chimpanzés, ensinando-lhes a linguagem gestual dos surdos mudos
Voltemos a Kardec, O Livro dos Espíritos, item 597: - "Pois se os animais têm uma inteligência que lhes da uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria? Resposta: Sim, e que sobrevive ao corpo".
Muitos são os relatos a esses respeito que consegui inserir em meu livro A Questão Espiritual dos Animais, publicado pela FE - Folha Espírita.Este me foi transmito pessoalmente pelo querido confrade Divaldo Pereira Franco: Divaldo chegou certa vez a Campo Grande, tendo sido recebido por D. Maria Edwiges, então presidente da Federação Espírita de Mato Grosso.Ao entrar em sua residencia, pulou-lhe ao peito enorme cachorro. As pessoas que o acompanhavam, sem se aperceberem do que realmente estava acontecendo, indagam-no sobre sua inesperada reação. Divaldo responde: "Eu me assustei como cachorro, mas esta tudo bem". Ouve deles em seguida: "Mas que cachorro, Divaldo, aqui não tem cachorro nenhum!". Ao que ele retruca: "Tem, sim, esse pastor ali!". Percebe então que D. Maria Edwiges se emociona ao comentar: "Divaldo, eu tive um pastor, mas ele morreu há meses!".
Outro caso que relato, encontra-se originalmente no livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert, FEB, onde se lê o seguinte depoimento de Chico: "Em 1939, o meu irmão José deixou-se um desses amigos fieis (um cão) chamava-se Lorde e fez-se meu companheiro...Em 1945, depois de longa enfermidade, veio a falecer. Mas, no último instante, vi o Espírito do meu irmão aproximar-se e arrebatá-lo ao corpo inerte, e durante alguns meses,quando o José em Espírito, vinha ter comigo,era sempre acompanhado por ele. A vida é uma luz que se alarga para todos...".
Motivada por tantas evidências, passei a buscar na literatura espírita, particularmente mas obras de Kardec, como na ciência acadêmica, informações que elucidassem tantas questões sobre a espiritualidade dos animais e as "coincidências" que encontrei são surpreendentes! Por exemplo, hoje a ciência admite ser o sistema nervoso, em especial o cérebro, o "órgão" (do grego organon = meio, recurso, instrumento) de expressão da mente. Pois bem, André Luiz, em No Mundo Maior, cap. 4, informa que: "O cérebro é o órgão sagrado de manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana". Também é impressionante a correlação que se pode fazer entre o "cérebro trino" de Mac Lean, autor clássico na ciência, com a configuração de nossa casa mental e sua relação com diferentes partes do cérebro, expressa por André Luiz no livro No Mundo Maior, cap. 3 e 4.
Era a deixa que eu queria, pois como veterinária e espírita acabei encontrando um leito para dar fluxo às muitas ideias que pululam na mente de todos nós, sobre os animais. Muitos dos temas são ainda tratados como questão, isto é, como matéria em discussão, uma vez que existem muitas perguntas sem resposta definitiva. São eles: a filogenia do cérebro e da mente, o significado do sofrimento nos animais, a presença de figuras animais no plano espiritual(a questão da erraticidade, do desencarne e da reencarnação) ,a existência dos "espíritos da natureza", a abordagem ética doutrinária do comer ou não comer carne e a validade do uso dos animais na chamada zooterapia.
Defendo a tese de que os animais são seres em evolução, tanto orgânica como espiritual. São nossos companheiros de jornada, merecendo ser respeitados e, sobretudo, amados. Como diz o mentor, Alexandre, em Missionários da Luz, cap. 4, de André Luiz: "Abandonando as faixas de nosso primitivismo, devemos acordar a própria consciência para a responsabilidade coletiva. A missão do superior é a de amparar o inferior e educá-lo".
Que Jesus abençoe nosso esforços para entender a beleza de toda a criação, na qual não devemos nos colocar como destacados senhores, mas, sim, na condição de Espíritos ainda no aprendizado de primárias lições.
(Este artigo - Os animais têm alma e são também seres em evolução - de Irvênia Prada, foi publicado originalmente
em O Consolador, de 13 de junho de 2007)
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