
Ninguém renasce sem as devidas orientações e proteções. Ninguém está encarnado à deriva e sujeito a intempéries desnecessárias. O mal que vivo, o mal que não reconheço como bem, é de fato o que vai me libertar.
O primeiro passo para perder a perseverança é o sentir-se vítima. Se elas existissem, Deus não teria o pleno poder da Sua criação, pois estaríamos todos sujeitos às obras do acaso ou aos acicates dos maldosos. Se alguém nos vitima, esse alguém somos nós mesmos. Nos erramos, nos precisamos reconstruir e recomeçar. A mão que me agride é a resposta à própria mão que agrediu no passado. O bem que me furtam é o efeito dos bens que furtei no ontem, quando achava que podia fazê-lo e quando minha consciência aplaudia meus atos. Sem esses entendimentos da realeza das coisas, tudo fica difícil. A pessoa que roubou ontem e devolve hoje o objeto roubado está na plena ação da justiça. Então, isso não é ser vítima, é ser coerente com a Lei.
Assim, quando algo de inoportuno nos acomete, devemos entender que é a oportunidade que a vida nos oferece para reavermos nossos direitos de filhos plenos de Deus - que os assaltos que recebo, as feridas que me fazem e os assédios que me rodeiam são minhas ações, mentais inconscientes, buscando semelhantes para curar-se.
Dá-se então que a perseverança necessita da paz e do entendimento, Sem eles, a perseverança é frágil e passageira e não vence o primeiro estágio das adversidades. Por isso tantos se perdem e se autodestroem.
Vivemos no mundo das provas e expiações. Porém, num mundo mágico onde podemos transformar o mal em bem, o errado em certo. Estes são atributos daqueles que estão começando a caminhar. Assim como as crianças que claudicam em seus primeiros passos, assim também o espírito humano claudica em suas primeiras ações.
O mundo é muito grande para uma criança e capacitar-se para entendê-lo leva tempo, firmeza e persistência. O universo é enorme para o homem, e, da mesma forma, capacitar-se para entendê-lo exige-se firmeza, tempo e persistência.
Nada é tão duradouro. Tudo é impermanente. A gigantesca galáxia de hoje, transforma-se amanhã, e volta às sua origens. O tempo não existe como fundamento do universo. Ele é uma curvatura do espaço. Assim, mantemos o tempo em conformidade com aquilo que queremos ou necessitamos. Assim o tempo não tem consistência e, não a tendo, não pode nos prender a ele, desarvorando-nos. A perseverança é vencer a ação do tempo enquanto ele cuida dos seus deveres.
A perseverança é o fulcro de Deus em nós, que nos aguarda com ternura o tempo que necessitamos. Somos seus terminais, muito embora individuais e sem sermos o próprio Deus. Assim, somos semideuses num processo de potencialização. O espírito de luz que nos encanta hoje foi o mesmo homem que somos agora, e ele representa nossas expressões de amanhã.
Desta forma, e tendo estes conhecimentos a perseverança passa a ser nossa aliada incondicional - cajado de luz, como nos referimos anteriormente.
Caminhemos com vagar, porém aproveitamos cada passo que damos. Não apressemos a caminhada. Ela precisa estar repleta de harmonia. Se algo já não faz mais sentido para nós, algo que foi importante ontem, reavaliemos e busquemos novos contatos. Muitos, por insistirem nas causas vencidas
perdem-se no tempo e costumam cair nos vales da depressão. Somos singulares com Deus. Ninguém é igual e os crescimentos são diferentes. Há o tempo de ser ninado e o tempo de ninar. Há o tempo de engatinhar e o tempo de caminhar. Sejamos, em tudo, coerentes com nossa evolução. A persistência nos conduz com sabedoria aos degraus de acesso.
Outro ponto a ser pensado na perseverança é o crédito que damos a nós próprios Muitos se desarvoram porque não recebem dos outros os afagos que eles julgam ser-lhes necessários. Cada qual está muito ocupado consigo próprio. Cada um precisa cuidar muito bem do seu processo evolutivo. Compete a ele crescer. Ninguém fará por ele. Assim, deixemos de lado as mágoas, a ausência de perdão, as diferenças que só prejudicam, e perseveremos na estrada que nos é oferecida, individualmente, como individuais somos com Deus.
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